A grande força de Emiliano Di Cavalcanti, como artista, é a sua sinceridade e - embora a expressão me cause certa repugnância, pelo excesso com que vem sendo usada - a sua autenticidade. Realmente, não me ocorre outra para exprimir exatamente essa perfeita sincronização do homem com a obra realizada, expressão evidente de uma necessidade vital, na fidelidade com que espelha a grandeza humana de seu criador. Um quadro de Di Cavalcanti - qualquer quadro - é, antes de mais nada, uma projeção de sua sensibilidade e de sua personalidade; e daí, o seu extraordinário fascínio, o seu poderoso encanto, a sua capacidade de encantar instantaneamente a simpatia e a admiração de um público heterogêneo, em que se irmanam solidariamente leigos e entendidos. Diante de bem poucos artistas nacionais se poderia com rigorosa veracidade repetir, como diante de Di Cavalcanti, este aparente lugar-comum, muito menos comum, aliás, do que se imagina: a obra é o homem.
Luis Lopes CoelhoSão Paulo - 1964
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