A tarde nublada e o salão vazio retratavam uma tristeza sem fim ao velório de Di Cavalcanti, no Museu de Arte Moderna. Eis que surge Glauber Rocha: "Um, dois, três, ..., dez, onze, doze... Corta! Agora, dá um close na cara dele". Com seu jeito tipicamente despojado de ser, o cineasta dava ordens ao câmera, Mario Carneiro, e ambos rodeavam o corpo do pintor em busca dos melhores closes, desde o pé até a cabeça. Ninguém viu Glauber entrar. Quando perceberam, já estava agitando em torno do caixão.
Surpreendidos pela excêntrica cena, num ambiente de sofrimento, familiares e amigos, espantados, reprovaram a iniciativa de Glauber, que recebeu um compreensível pedido da filha adotiva do pintor, Elizabeth, para interromper aquele mórbido espetáculo. "Não se preocupe. Esta é a minha homenagem a um amigo que morreu. Estou aqui filmando a minha homenagem ao amigo Di Cavalcanti. Agora, dá licença que preciso trabalhar", fez pouco caso Glauber, retomando a gravação.
Pouco depois, Glauber foi novamente questionado. Dessa vez respondeu à curiosidade de um jornalista: "Acredite em mim. Você acha que eu iria fazer uma coisa que não fosse bonita? Ele era um artista e isto é bonito. É uma coisa certa. Não estou fazendo isto para ninguém. É para mim, que gostava tanto dele", garantiu. E continuou dando as coordenadas, filmando tudo até o fim do enterro.
E Glauber disse a verdade. Finalizou seu filme e, no ano seguinte, lançou o documentário "Ninguém Assistirá Ao Enterro Da Tua Última Quimera, Somente A Ingratidão, Aquela Pantera, Foi Sua Companheira Inseparável!, - Di Cavalcanti di Glauber", uma homenagem cinematográfica póstuma. A exibição do filme foi interditada pela justiça no mesmo dia, quando da concessão de uma liminar pela 7a. Vara Cível, ao mandado de segurança impetrado pela filha do pintor, Elizabeth Di Cavalcanti.
O documentário recebeu o Prêmio Especial do Júri durante o Festival de Cannes em 1977. Veja aqui o trabalho de Glauber Rocha!
Surpreendidos pela excêntrica cena, num ambiente de sofrimento, familiares e amigos, espantados, reprovaram a iniciativa de Glauber, que recebeu um compreensível pedido da filha adotiva do pintor, Elizabeth, para interromper aquele mórbido espetáculo. "Não se preocupe. Esta é a minha homenagem a um amigo que morreu. Estou aqui filmando a minha homenagem ao amigo Di Cavalcanti. Agora, dá licença que preciso trabalhar", fez pouco caso Glauber, retomando a gravação.
Pouco depois, Glauber foi novamente questionado. Dessa vez respondeu à curiosidade de um jornalista: "Acredite em mim. Você acha que eu iria fazer uma coisa que não fosse bonita? Ele era um artista e isto é bonito. É uma coisa certa. Não estou fazendo isto para ninguém. É para mim, que gostava tanto dele", garantiu. E continuou dando as coordenadas, filmando tudo até o fim do enterro.
E Glauber disse a verdade. Finalizou seu filme e, no ano seguinte, lançou o documentário "Ninguém Assistirá Ao Enterro Da Tua Última Quimera, Somente A Ingratidão, Aquela Pantera, Foi Sua Companheira Inseparável!, - Di Cavalcanti di Glauber", uma homenagem cinematográfica póstuma. A exibição do filme foi interditada pela justiça no mesmo dia, quando da concessão de uma liminar pela 7a. Vara Cível, ao mandado de segurança impetrado pela filha do pintor, Elizabeth Di Cavalcanti.
O documentário recebeu o Prêmio Especial do Júri durante o Festival de Cannes em 1977. Veja aqui o trabalho de Glauber Rocha!
"Para mim,
a principal função da arte
é a conscientização".
Di Cavalcanti
a principal função da arte
é a conscientização".
Di Cavalcanti
Gostei do texto
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