sexta-feira, 12 de novembro de 2010

BOMBA!! Roubo das Obras de Di Cavalcanti!!

12/06/2008 - 19h26

Obra de Di Cavalcanti roubada é uma das mais importantes do modernismo brasileiro

CAROLINA ARAÚJO
Colaboração para a Folha Online

As obras roubadas da Fundação Pinacoteca têm valor incalculável tanto em termos financeiros quanto em perdas para o patrimônio cultural do Brasil. Esta é a opinião de especialistas em arte consultados pela Folha Online.
Foram levadas "Mulheres na janela" (1926), de Di Cavalcanti, pintura a óleo sobre cartão; "Casal" (1919), de Lasar Segall, guache sobre cartão; "O pintor e seu modelo" (1963), gravura a água-tinta, ponta-seca e buril sobre papel e "Minotauro, bebedor e mulheres" (1933), gravura a água-forte sobre papel, ambas de Pablo Picasso.
Elaine Caramella, professora livre-docente em linguagem e valor artístico da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), afirmou que as obras têm valor "incomensurável" para o patrimônio cultural.
De acordo com a professora, a presença de Picasso nos recentes roubos de obras de arte em museus no Brasil pode ser resultado do valor e popularidade do pintor espanhol, inclusive entre os leigos.
Já Nelson Aguilar, professor de história da arte da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), acredita que "Mulheres na janela", de Emiliano Di Cavalcanti, foi a obra mais importante roubada hoje (12) da Estação Pinacoteca. Para ele, o óleo do pintor é tão significativo quanto "Abaporu" (1928), de Tarsila do Amaral --um dos principais símbolos do movimento modernista e uma das obras brasileiras mais valorizadas comercialmente.
"É uma perda realmente gigantesca. "Mulheres na janela' representa a formação da arte moderna no Brasil", disse o professor.



Dinheiro
Caramella prefere não arriscar o prejuízo do roubo em termos financeiros. "São obras tão importantes que não dá nem para definir valores", afirmou a professora.
O diretor do departamento de museus do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional), José do Nascimento Júnior, também não arriscou estimar o valor das obras.
Para ele, o valor é inestimável. "As obras de Segall e Di Cavalcanti são de referência. E as gravuras de Picasso dão um caráter universal aos museus brasileiros. Prefiro não fazer cotação", disse o diretor.
As gravuras e os óleos pertenciam à Fundação José e Paulina Nemirovsky e estavam em regime de comodato na Pinacoteca desde 2006.
Elaine Caramella não tem dúvidas de que o roubo foi encomendado. "São obras e artistas muito conhecidos", argumenta a professora.
Para Nelson Aguilar, é muito triste que obras de um colecionador particular tenham sido roubadas quando estavam sob responsabilidade do Estado. "O mínimo que o Estado deve oferecer é segurança", afirmou.
Para Nascimento Júnior, é importante que o processo de investigação não só recupere as obras, mas encontre quem encomendou o roubo.
Roubo
As quatro obras levadas nesta quinta-feira na Estação Pinacoteca, na região central de São Paulo, estão avaliadas em R$ 1 milhão, segundo estimativa da Secretaria Estadual de Cultura, responsável pelo museu.
O roubo foi realizado por três homens. Eles se dirigiram a uma área restrita, onde as obras estavam, aproveitando a presença de uma excursão escolar que visitava o local.
A Estação Pinacoteca é um museu pertencente à Pinacoteca do Estado. Está localizada no largo General Osório, endereço diferente do prédio principal da instituição (na avenida Tiradentes).
O caso será investigado pelo Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), que recuperou os quadros furtados em dezembro no Masp (Museu de Arte de São Paulo).
A Secretaria de Estado da Cultura disse em nota que "se pronunciará após a conclusão das primeiras investigações". A Estação Pinacoteca permanecerá fechada no resto do dia de hoje, e reabrirá amanhã.

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